Festival de Curitiba 2023 – Grupo mineiro Quatroloscinco revisita o clássico grego Antígona

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“A história é contada pelos vencedores”, constatou George Orwell, um dos escritores mais celebrados do século 20. Essa, no entanto, não era a perspectiva do teatro grego, 2.500 anos atrás. Foi nessa época que o poeta Sófocles escreveu Antígona, possivelmente a peça mais representada da história, e que traz um ponto de vista bastante diferente sobre conquistadores e conquistados.

No enredo, a personagem Antígona é a filha do ex-rei Édipo, que caiu em desgraça. Sozinha, ela precisa desafiar o novo poder estabelecido a fim de sepultar o cadáver de um de seus irmãos, morto durante a guerra de sucessão ao trono. Antígona é, portanto, a história dos perdedores, resistindo à sanha punitiva dos vitoriosos.

Agora, esse clássico grego chega à Mostra Lúcia Camargo do Festival de Curitiba, nos dias 3 e 4 de abril, no Sesc da Esquina, pelas mãos do grupo Quatroloscinco, de Belo Horizonte. O espetáculo é uma espécie de atualização do original, que reconfigura os elementos concebidos por Sófocles para criar uma dramaturgia quase toda inédita.

O novo texto recebeu o nome de Tragédia e é basicamente dividido em três partes. Na primeira, ao redor de uma mesa de sinuca, três personagens mantém uma conversa de bar que entra e sai de questões complexas, como o autoritarismo, a censura, o direito à memória e os massacres promovidos pelo Estado, com referências diretas à história do Brasil, inclusive com trechos falados em guarani e italiano.

A mesa de sinuca, ali, funciona como uma metáfora dos jogos de poder. “Na sinuca, você pode ter todas as estratégias, ser um exímio jogador, mas pode acontecer de uma bolinha bater na outra e mudar todo o quadro”, explica Marcos Coletta, que além de atuar na peça também assina o texto, em parceria com Assis Benevenuto.

Na segunda parte, a própria Antígona ressurge como uma entidade milenar e domina a cena para declamar um monólogo adaptado dos escritos de Sófocles. A personagem é interpretada pela atriz Rejane Faria, que, recentemente, se destacou por sua atuação no elogiado filme Marte Um, do diretor Gabriel Martins, que representou o Brasil na disputa por uma vaga no Oscar deste ano. “A Antígona é um símbolo muito forte de enfrentamento, de luta contra o poder. Se você parar para pensar, quem são eles, na verdade, para dizer que ela não pode enterrar o irmão? Eu vejo a Antígona como uma memória que eles não puderam apagar”, diz Coletta.

Por fim, a dramaturgia da Quatroloscinco imagina um encontro entre Antígona e Tirésias, um profeta cego da cidade de Tebas, cenário da peça de Sófocles. No entanto, ninguém precisa ter lido o clássico grego para ir ao teatro em 2023. “Nossa peça é muito acessível, direta. Não tem nada de rebuscada. Ela conversa com o clássico, mas não depende dele. Mesmo quem não tiver a referência, vai conseguir ter uma boa relação, aproveitar o espetáculo”, garante Coletta.

Acompanhe todas as novidades e informações pelo site do Festival de Curitiba (www.festivaldecuritiba.com.br), pelas redes sociais disponíveis no Facebook (@fest.curitiba), pelo Instagram (@festivaldecuritiba) e pelo Twitter (@Fest_curitiba). Ingressos disponíveis pelo site oficial e na bilheteria física no Shopping Mueller (Piso L3).

A Mostra Lúcia Camargo é apresentada por Banco CNH Industrial e New Holland, Bosch, Novozymes, Copel e Sanepar – Governo do Estado do Paraná, com patrocínio de Ebanx, DaMagrinha 100% Integral, GRASP e ClearCorrect.

Serviço:
Tragédia
Festival de Curitiba 2023 – Mostra Lucia Camargo
Local: Sesc da Esquina (Rua Visc. do Rio Branco, 969 – Mercês)
Data: 3 e 4 de abril, sempre às 20h30.
Valores: R$ 80 e R$ 40 (meia)
Ingressos: www.festivaldecuritiba.com.br e no Shopping Mueller – Piso L3 (Av. Cândido de Abreu, 127 – Centro Cívico)
Classificação: 12 anos
Duração: 75min
O espetáculo conta com audiodescrição.

Crédito da foto: Luiza Palhares

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