Keanu Reeves retorna a John Wick no interminável quarto capítulo da franquia de ação – FILMES, por Rudney Flores
Keanu Reeves volta mais uma vez ao papel que o fez reconquistar os fãs em todo o mundo, em meados da década de 2010, com John Wick 4 – Baba Yaga, principal estreia do cinema no Brasil esta semana, filme que tem na direção Chad Stahelski, que também comandou todos os outros três filmes da franquia.
Reeves interpreta outra vez John Wick/Baba Yaga, o temido assassino que todos querem eliminar, mas nunca conseguem. A produção ainda destaca no elenco Ian Shane (Winston), Lance Reddick (Charon) – saudoso ator que morreu na semana passada, aos 60 anos – e Laurence Fishburne (Bowery), todos repetindo seus personagens dos capítulos anteriores, além de: Bill Skarsgård (de It – A Coisa), que faz o Marquês, vilão principal; Donnie Yen, reprisando o papel de um guerreiro cego, como em Rogue One – Uma História Star Wars; Shamier Anderson (da série Invasão) como o misterioso Sr. Ninguém; e a participação especial de Clancy Brown (de Highlander – O Guerreiro Imortal), como um representante da Alta Cúpula, poderoso grupo que controla as máfias de todo o mundo.
É exatamente a Alta Cúpula que não tolera mais a confusão causada por Wick nos filmes anteriores e dá plenos poderes ao Marquês para que resolva a situação e elimine o mítico matador. Ele indica Caine (Yen) para o serviço, além de muitos outros matadores. Outro interessado no prêmio pela morte do Baba Yaga é o Sr. Ninguém, que vai aparecer muitas vezes de forma dúbia na trama. Tudo será resolvido em extensas quase três horas de duração de filme, com intermináveis sequências de lutas.
O primeiro John Wick (2014), que no Brasil ganhou o título De Volta ao Jogo, trazia Reeves vivendo um ex-assassino recluso, sofrendo a perda da jovem esposa e que é obrigado a voltar a um submundo violento quando o filho de um mafioso russo mata seu cachorro e rouba seu carro. A história de vingança foi um bem-vindo sopro de novidade no gênero filmes de ação e conquistou muitos fãs.
A partir do segundo filme – John Wick – Um Novo Dia Para Matar (2017) – a franquia assumiu de vez a ação incessante, transformando-se praticamente em um live action de um videogame de matança, emulando as várias fases de um jogo, com o protagonista eliminando de forma brutal todos (centenas de pessoas) que tentam matá-lo, em sensacionais sequências de ação. A hiperviolência seguiu no ótimo John Wick 3 – Parabellum (2019). Em comum, os dois capítulos tinham um roteiro que se sustentava minimamente, o que não acontece em John Wick 4.
Nos tempos atuais, os estúdios estão aumentando o tempo de duração de algumas produções para dar ao espectador a sensação de estar vendo algo grandioso, mas na verdade, se prestar atenção, é apenas exagero estético e perda de tempo para justificar um roteiro vazio, muitas vezes cheio de clichês. É o que acontece no novo filme de Stahelski, que estica além da conta várias sequências de ação da produção – o maior exemplo é o arco final nas escadarias.
Outro problema é que o personagem de Reeves parece passar pelo mesmo que aconteceu com Jack Bauer, o agente antiterrorismo vivido por Kiefer Sutherland na grande série 24 Horas – pelo menos nas três primeiras temporadas. Com o passar do tempo, o protagonista faz coisas cada vez mais mirabolantes e inacreditáveis para justificar a continuação do seriado, e John Wick parece ter chegado neste ponto, ultrapassando e muito os diversos exageros já existentes nas partes 2 e 3.
A parte 4 parece indicar um fim para a franquia, mas a quase unanimidade da crítica norte-americana – atualmente, 94% de críticas positivas no condensador de resenhas Rotten Tomatoes – e a possível boa bilheteria fatalmente irão levar a mais um capítulo de John Wick. Reeves, hoje com nada aparentes 58 anos, vai ter que ralar mais um pouco na academia e usar muito mais dublês para dar conta do trabalho. Cotação: Regular.
Trailer de John Wick 4 – Baba Yaga:
Crédito da imagem: Divulgação/Imagem Filmes
Rudney Flores é jornalista formado pela PUCPR, assessor de imprensa e crítico de cinema, com resenhas publicadas nos jornais Gazeta do Povo e Jornal do Brasil.