Live-action de A Pequena Sereia adapta animação de grande memória afetiva do público – FILMES, por Rudney Flores

 em Colunistas, Cultura, Rudney Flores

A Disney segue com o projeto de transformação de suas animações de grande sucesso em filmes live action, com atores em cena. A produção da vez é A Pequena Sereia, transposição do desenho lançado em 1989 e que faz parte da memória afetiva de um imenso número de pessoas. Por conta dessa adoração, o filme dirigido por Rob Marshall (vencedor do Oscar pelo musical Chicago), principal estreia da semana nos cinemas, foi cercado de desconfianças desde o seu anúncio, e ainda passou a enfrentar críticas racistas ao escolher como protagonista uma atriz preta, a também cantora Halle Bailey.

De início, vale destacar que Halle no papel da sereia Ariel é o grande acerto da produção. Com um grande carisma, a artista atua com muita segurança e dá vida a uma personagem solar, que se destaca tanto nas cenas musicais como nas sequências em que não pode usar a voz, nas quais é ainda mais expressiva.

A trama do filme, ambientada no início do século 19, é próxima à do desenho original – que marcou o renascimento das animações da Disney no seu lançamento –, e também da obra criada por Hans Christian Andersen, em 1837. Ariel é uma das sete sereias (alusão aos sete mares) filhas do Rei Tritão (o oscarizado ator espanhol Javier Bardem, de Onde os Fracos Não Têm Vez). Inquieta e curiosa, ela tem grande interesse pelos humanos, colecionando suas peças e buscando conhecê-los, o que é expressamente proibido pelo patriarca do fundo do mar. Um dia, ela acompanha uma festa animada em um navio comandado pelo príncipe Eric (o pouco conhecido Jonah Hauer-King), oriundo de uma ilha fictícia que parece ser caribenha ou centro-americana.

Mas a embarcação é destruída por uma tempestade, com a sereia salvando a vida do jovem nobre. Ela se apaixona por Eric e deseja encontrá-lo em terra firme e, para isso acontecer, irá fazer um perigoso acordo com sua maléfica tia Úrsula (Melissa McCarthy, de A Espiã que Sabia de Menos). Em sua jornada ao lado dos humanos, Ariel contará com o apoio do caranguejo Sebastião (Daveed Diggs, de Hamilton), do peixe Linguado (Jacob Tremblay, de O Quarto de Jack) e a ganso Sabidão (Awkwafina, de Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis).

Como na animação, a música é um dos grandes destaques do live action, trazendo várias canções da trilha sonora vencedora do Oscar de Alan Menken, como “Under the Sea” (que também recebeu um Oscar), “Part of Your World”, “Kiss the Girl” e “Poor Unfortunate Souls”, algumas delas com letras atualizadas para os tempos atuais, além de três novas músicas compostas por Menken em parceria com Lin-Manuel Miranda (autor de Hamilton e diretor do ótimo musical tick tick… Boom!).

A história apresentada na tela segue os contos de fada clássicos, deixando um pouco de lado a atual tendência de empoderar protagonistas femininas no cinema, com uma Ariel só um pouco mais corajosa e independente que o original, mas nada que atrapalhe a ótima atuação de Halle Bailey. Ainda sobre o elenco, funciona muito bem a parceria entre os personagens de Diggs e Awkwafina. Bardem está contido no pouco tempo que tem em tela como Tritão, em contraposição a McCarthy, com momentos muito expressivos como vilã, apesar de se tornar over e quase passar do ponto em certas partes. Já Hauer-King não impõe nada que seja muito marcante ao príncipe da história.

As sequências aquáticas são apenas ok, ainda mais se comparadas com O Caminho da Água, a recente continuação de Avatar, que elevou e muito o patamar para cenas do gênero. No geral, A Pequena Sereia é superior e mais agradável que as recentes adaptações live action da Disney – O Rei Leão e Aladin, ambos lançados em 2019. Para muitos, vai ser um verdadeiro teste de aceitação, pois será difícil não fazer a comparação com a animação original e se desvencilhar de uma afeição que vem desde a infância. Caso vencida esta etapa, haverá bons momentos para se curtir na nova produção. Cotação: Bom.

Trailer de A Pequena Sereia:

 

Crédito da imagem: Divulgação/Walt Disney Studios

 

Rudney Flores é jornalista formado pela PUCPR, assessor de imprensa e crítico de cinema, com resenhas publicadas nos jornais Gazeta do Povo e Jornal do Brasil.

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