Michael B. Jordan estreia na direção no novo filme da franquia Creed – FILMES, por Rudney Flores
Uma das franquias mais reconhecidas do cinema, a saga do lutador Rocky Balboa, interpretado por Sylvester Stallone, atravessou três décadas (de 1976 a 2006, em seis filmes) reverenciando o mundo do boxe, a chamada nobre arte, esporte de lendas como Muhammad Ali, Rocky Marciano, Joe Louis, Mike Tyson, Evander Holyfield, só para citar os pesos-pesados, entre muitas outras categorias.
A história foi retomada em 2015 apresentando o personagem Adonis Creed (Michael B. Jordan), filho não reconhecido de Apollo Creed (Carl Weathers), o grande rival e depois maior amigo de Rocky. Já envelhecido, o personagem de Stallone toma o jovem como pupilo e o leva a triunfar nos ringues nos dois primeiros filmes da nova franquia.
Adonis segue agora pelas próprias pernas em Creed 3, lançamento desta semana nos cinemas brasileiros e o primeiro filme da saga do boxe sem aquele que originou tudo. A produção também marca a estreia de Michael B. Jordan na direção, seguindo o caminho de vários atores que passaram para atrás das câmeras.
Stallone é apenas creditado como produtor do novo filme, após entrar em litígio recentemente com Irwin Winkler, produtor e detentor dos direitos da franquia Rocky – o veterano ator tinha um roteiro de um sétimo capítulo para Balboa, mas não houve acordo para a produção ser realizada.
Voltando a Creed 3, mesmo sem a presença de Rocky, a história traz diversos elementos que emulam e evocam as tramas da franquia original, assim como acontece em Creed e Creed 2 (2018). A maior proximidade dessa vez é com Rocky 3 – O Desafio Supremo, que destaca um outsider como principal oponente do protagonista.
Se na fita de 1982 o destaque era Clubber Lang, vivido por Mr. T, ator que também faria muito sucesso na época com a série televisiva Esquadrão Classe A (1983-1987), o antagonista de novo filme é Damian Anderson, defendido por Jonathan Majors, ator do momento em Hollywood, depois de atuações elogiadas em filmes com Vingança & Castigo e Irmãos de Honra, além de se tornar o principal vilão da fase 5 dos filmes da Marvel, como o personagem Kang, o Conquistador, visto em Homem-Formiga e a Vespa – Quantumania, ainda em cartaz nos cinemas do Brasil.
Adonis Creed aparece na nova trama já aposentado, depois de uma vitoriosa carreira. Feliz no casamento com Bianca (Tessa Thompson) e na criação da filha Amara (Mila Davis-Kent), ele passa a administrar uma academia de boxe ao lado do treinador Duke (Wood Harris) e também está promovendo lutas, como a do atual campeão dos pesados, o mexicano Felix Chavez (Jose Benavidez).
Mas Damian, um grande amigo do passado, retorna depois de 18 anos preso para reavivar memórias reprimidas e também para cobrar de Adonis uma chance no boxe. O antigo parceiro vai mexer com a cabeça do protagonista, que terá que enfrentar seus fantasmas para voltar a colocar a vida nos eixos.
Os acenos para as histórias da franquia original aparecem em vários momentos, como na chance de disputa de título mundial para um azarão (Rocky, Um Lutador), na amizade com um ex-antagonista (Rocky 3), na morte de um personagem próximo (Rocky 3, Rocky 4, Rocky Balboa), na pose de vitória em um lugar icônico (dessa vez o letreiro de Hollywood) e nas tradicionais cenas de forte treinamento pré-luta principal – nas quais o rap substitui a marcante canção “Gonna Fly Now”, de Bill Conti.
Jordan investe em arcos mais dramáticos para seu personagem e para Bianca, envolvendo ainda a bonita relação com a filha que nasceu surda, assim como a mãe. Mas também se dedica com afinco nas sequências de lutas, bem produzidas e coreografadas. Um dos esportes mais levados à tela grande, o boxe não tem mais o mesmo apelo midiático de outras épocas, não há mais grandes estrelas mundiais e perde espaço a cada dia para outros esportes de luta, principalmente o MMA. Mas ainda pode render boas tramas com bons momentos visuais como este Creed 3. Cotação: Bom.
Trailer de Creed 3:
Crédito da imagem: Divulgação/Warner Bros. Pictures Brasil
Rudney Flores é jornalista formado pela PUCPR, assessor de imprensa e crítico de cinema, com resenhas publicadas nos jornais Gazeta do Povo e Jornal do Brasil.
