O Urso do Pó Branco traz trama inspirada em fatos reais que mistura terror e humor negro – FILMES, por Rudney
Atriz marcada mais por papeis coadjuvantes, Elizabeth Banks chega a seu quarto longa-metragem atrás das câmeras com O Urso do Pó Branco, umas das estreias da semana nos cinemas brasileiros. A ainda novata diretora vem de um fracasso nas telas, a malsucedida tentativa de reativar a franquia As Panteras, filme que comandou em 2019, com Kristen Stewart. E parece que não será com a produção sobre o urso que sua carreira de cineasta irá decolar.
A história é inspirada em um caso real, ocorrido em 1985, de um traficante que se livra de um carregamento de cocaína e acaba morrendo depois de saltar de um avião e seu paraquedas não abrir. Um urso de verdade morre após consumir alguns pacotes da droga que caíram em uma região de floresta nos Estado Unidos, mas para o filme, o animal, na realidade, uma ursa, fica insana após cheirar muito pó e começa a matar quem se aproxima dela.
A partir dessa premissa, a trama vai enfileirando uma série de personagens pouco interessantes, sem o menor desenvolvimento. Há a enfermeira Sari (Keri Russel, da série The Americans) e sua filha pré-adolescente, que resolve matar aula junto com um amigo para fotografar uma cachoeira na região em que a cocaína caiu e onde vive a ursa; já Daveed (O’Shea Jackson Jr., de Straight Outta Compton – A História do N.W.A.) é mandado pelo traficante Syd (Ray Liotta, de Os Bons Companheiros, morto em 2022, em sua última atuação no cinema) para recuperar os pacotes perdidos da droga. Ele chega à região de mata ao lado de Eddie (o sumido Alden Ehrenreich, de Han Solo – Uma História Star Wars), o filho de Syd ainda abalado pela separação da esposa.
Aparecem também os policiais Bob (Isiah Whitlock Jr., de Infiltrado na Klan) e Reba (Ayoola Smart), que investigam Syd e o caso dos pacotes perdidos de cocaína; ainda há uma policial florestal, um instrutor da vida selvagem, um grupo de jovens assaltantes; um casal de amantes da natureza e dois paramédicos – quase todos vão cruzar com a ursa alucinada em algum momento da história; para uns, o encontro vai ser fatal.
A temática envolvendo um urso e a floresta chega a lembrar O Homem Urso (2005), mas a produção de Banks passa longe do ótimo e perturbador documentário do veterano diretor Werner Herzog. Há uma tentativa de fazer um terror gore, com cenas explícitas recheadas de sangue e desmembramentos. Mas a inserção de pitadas de humor negro, algumas até divertidas, que causam risos nervosos, não funciona – as partes de terror e comédia simplesmente não casam, resultando apenas em uma produção estranha e esquisita. Cotação: Regular.
Trailer de O Urso do Pó Branco:
Crédito da imagem: Divulgação/Universal Pictures
Rudney Flores é jornalista formado pela PUCPR, assessor de imprensa e crítico de cinema, com resenhas publicadas nos jornais Gazeta do Povo e Jornal do Brasil.