Velozes e Furiosos 10 inicia despedida da franquia e destaca divertido vilão de Jason Momoa – FILMES, por Rudney Flores
Franquia mais longeva do cinema atual, Velozes e Furiosos chega ao décimo episódio com a perspectiva de fechar a história de Dominic Toretto, interpretado por Vin Diesel, e sua turma em breve. A nova produção, principal estreia da semana nos cinemas brasileiros, tem direção de Louis Leterrier (Carga Explosiva, O Incrível Hulk, Truque de Mestre), convocado após a saída de Justin Lin, responsável pela direção de quatro filmes da série (4, 5, 6 e 9).
Depois de dois filmes basicamente temáticos de corrida de carros protagonizados por Diesel e Paul Walker (morto em 2013), e um terceiro sem esses personagens passado no Japão, Velozes e Furiosos virou uma franquia de ação com sequências cada vez mais mirabolantes a partir do quarto episódio. Novos personagens foram sendo adicionados, alguns na pele de astros como Dwayne Johnson (nova franquia Jumanji) e Jason Statham (Parker), além das oscarizadas Charlize Theron (Monster – Desejo Assassino, Atômica) e Helen Mirren (A Rainha). As adições nesse patamar para o décimo capítulo são as também vencedoras do Oscar Rita Moreno (Amor, Sublime Amor, o original) e Brie Larson (O Quarto de Jack, Capitã Marvel), e Jason Momoa (Aquaman), o grande vilão do filme.
É a partir desse personagem que se inicia a nova história, que resgata acontecimentos de Velozes e Furiosos 5 – Operação Rio, produção ambientada na capital carioca e considerada a melhor da série. Momoa é Dante, filho do traficante Reyes (Joaquim de Almeida), morto após ação de Dominic e amigos. Após dez anos, ele surge do nada para se vingar da “família” Toretto pela morte do pai. A partir dessa premissa, o filme tenta passar um tom mais emocional, com Don buscando proteger o filho da ameaça do antagonista, aliado às tradicionais sequências de ação desenfreada com explosões, tiros e carros que (como sempre) desafiam qualquer lógica física, criadas para não deixar o espectador tomar fôlego, e que por isso fazem a franquia ser muito apreciada por fãs do gênero.
Velozes 10 tenta destacar um clima familiar, assim como o recente e ainda em cartaz Guardiões da Galáxia Vol. 3. Mas, ao contrário do ótimo filme de James Gunn, que chega a emocionar em alguns momentos com a saga dos heróis desajustados, a produção de Leterrier tem apenas textos recheados de clichês, principalmente os falados por Dominic, e que, aliados à “força dramática” de Diesel, vão se tornando cada vez mais risíveis.
O contraponto é atuação de Momoa, que faz um vilão quase cartunesco, abraçando com todas as forças a galhofa, percebendo exatamente seu lugar na produção. Seu Dante lembra um pouco o agente e vilão Silva, vivido por Javier Barden em 007 – Operação Skyfall, divertidamente insano, mas claro, sem o mesmo talento dramático do ator espanhol – mas o bastante para esta série de ação.
Além da comum visão distorcida hollywoodiana da vida no Brasil e no Rio de Janeiro – na sequência que tem participação especial da cantora brasileira Ludmilla –, o filme tem sua parte mais fraca no núcleo dos personagens Roman (Tyrese Gibson), Tej (Chris “Ludacris” Bridges), Ramsey (Nathalie Emmanuel) e Han (Sung Kang), que seria mais um momento de alívio cômico, mas que com a presença do Dante de Momoa se revela completamente desnecessário em seu tom.
E com a perspectiva de mais um filme – talvez dois, dependendo do resultado das bilheterias –, o roteiro esquece por muito tempo as personagens Letty (Michelly Rodriguez) e Cipher (Charlize Theron), que devem ser melhores exploradas na(s) próxima(s) sequência(s). Para completar a expectativa, a produção não tem final definido e ainda traz de volta mais dois personagens queridos pelo público, um quase no final da trama e outro na cena pós-créditos.
Velozes e Furiosos 10 é tiro certeiro para quem é fã da família Toretto e diversão descartável para quem já acompanhou um ou outro filme franquia. Cotação: Bom.
Trailer de Velozes e Furiosos 10:
Crédito da imagem: frame trailer/Universal Pictures Brasil
Rudney Flores é jornalista formado pela PUCPR, assessor de imprensa e crítico de cinema, com resenhas publicadas nos jornais Gazeta do Povo e Jornal do Brasil.